NOTA: 9/10 |
Autor: John Boyne
Tradução: Henrique de Breia e Szolnoky
Editora: Seguinte (selo jovem da Companhia das Letras)
Editora: Seguinte (selo jovem da Companhia das Letras)
Páginas: 224
ISBN: 978-85-65765-40-4
Sinopse: Alfie Summerfield nunca se esqueceu do seu aniversário de cinco anos. Quase nenhum amigo dele pôde ir à festa, e os adultos pareciam preocupados - enquanto alguns tentavam se convercer de que tudo estaria resolvido antes do Natal, sua avó não parava de repetir que eles estavam todos perdidos. Alfie ainda não entendia direito o que estava acontecendo, mas a Primeira Guerra Mundial tinha acabado de começar. Seu pai logo se alistou para o combate, e depois dos quatro longos anos Alfie já não recebia mais notícias de seu paradeiro. Até que um dia o garoto descobre uma pista indicando que talvez o pai estivesse mais perto do que imaginava. Determinado, Alfie mobilizará todas as suas forças para trazê-lo de volta para casa.
QUAL É A ESTÓRIA?
Alfie
Summerfield é um jovem garoto que mora com seus pais, George e Margie
Summerfield, na casa nº 6 da Rua Damley, em Londres. Um lugar onde todos os
vizinhos se conhecem há muito tempo e, é claro, bisbilhotam
a vida uns dos outros. No dia do 5º aniversário de Alfie (28/07/1914), a 1ª Guerra Mundial começa oficialmente. Depois desse dia, toda a vida pacata dessa família será alterada drasticamente.
a vida uns dos outros. No dia do 5º aniversário de Alfie (28/07/1914), a 1ª Guerra Mundial começa oficialmente. Depois desse dia, toda a vida pacata dessa família será alterada drasticamente.
Depois
que George viaja para o quartel de treinamento e, em seguida, para o combate,
Alfie e Margie se aproximam “perigosamente perto da miséria”. A mãe, que já
trabalhava como enfermeira em um hospital na capital inglesa, passou a
lavar e a costurar roupas para mulheres ricas. Mesmo assim, o dinheiro se torna
um problema recorrente na casa dos Summerfields. Isso leva Alfie (agora com
nove anos) a trabalhar escondido da mãe como engraxate na estação King’s Cross,
para ajudar em casa enquanto a guerra não terminasse.
Todos
diziam que a guerra duraria no máximo até pouco antes o Natal, mas na realidade
durou bem mais do que apenas poucos meses. Após os dois primeiros anos de
guerra, Margie passou a esconder de Alfie as cartas que o pai enviava, dizendo
que George estava em uma missão secreta e não poderia escrever. Isso deu margem
para que o garoto pensasse que George estaria morto, mas, na verdade, Margie não
queria que seu filho descobrisse que o pai enviava cartas obscuras, sem sentido
e que não estava mais em campo, e sim em um hospital psiquiátrico na cidade de
Ipswich.
Um dia,
enquanto Alfie engraxava os sapatos de um médico, um forte vento fez com que
algumas folhas de seu cliente voassem pela estação. Ao buscá-las, ele lê em uma
delas a informação de que seu pai estava internado em um hospital. A partir de
então, o garoto reúne todas as suas forças e seus poucos recursos na tentativa de
reencontrar o pai e trazê-lo de volta para casa.
MINHAS IMPRESSÕES
O livro é maravilhoso do início
ao fim. Em Fique Onde Está e Então Corra,
John Boyne volta a emocionar seus leitores,
ao tratar novamente do tema guerra sob a ótica de uma criança, assim como fez,
de forma brilhante, em O Menino do Pijama Listrado. Confesso que esse é o primeiro livro que leio de Boyne (vi
apenas o filme de O menino do pijama
listrado), mas com a desenvoltura e a habilidade de escrita apresentadas nessa
obra, provavelmente vocês verão mais resenhas de livros desse autor por aqui!
A ingenuidade de Alfie
misturada com a simplicidade dos demais personagens dá um toque de suavidade à
estória, já bastante carregada pelo cenário de fundo (Londres, em plena 1ª
Grande Guerra) e pela carga emocional sufocante que todas as guerras
proporcionam de alguma forma. A narrativa é bastante equilibrada, sem tomar rumos
que a torne excessivamente sentimentalista e arrastada, o que é bastante
adequado, tendo em vista que esse é um livro direcionado a um público mais
jovem.
A estória é muito criativa, com descrições fáceis de
visualizar e cuidadosamente ambientada na Londres de 1914 a 1918. Os lugares
realmente existiram ou existem até hoje, além de alguns personagens, como é o
caso do Primeiro Ministro David Lloyd George. Isso me permitiu buscar na
internet imagens que pudessem dar certa precisão à minha “viagem imaginativa”.
Particularmente, gosto muito de livros que me dão essa oportunidade de combinar
imaginação com história real.
Suffolk and Ipswich Hospital (para onde George foi enviado) |
Primeiro Ministro Martin Lloyd George ("engraxou" seus sapatos com Alfie uma vez na estação King's Cross) |
Estação King's Cross em 1910 (sim, é a mesma estação do Harry Potter) |
Um ponto que também me chamou bastante a atenção foi a eficiência da forma
progressiva de tensão que o autor imprimiu na obra. É possível sentir a
narrativa tornando-se gradativamente mais densa com a aproximação do meio, e atingir o clímax
nos quatro últimos capítulos do livro. Junto a isso, o livro trás consigo
críticas muito interessantes sobre algumas contradições próprias da
guerra, como a euforia e o medo dos alistados ou a esperança de vencer e os
surtos de doenças psiquiátricas (pouco conhecidas naquela época).
Outra boa jogada do autor foi a repetição de algumas frases por
determinados personagens. Ao invés de tornar enfadonha a narrativa, esse
recurso permitiu a familiarização do leitor com cada personagem. Por exemplo, a
vovó Summerfield repetia sempre “estamos perdidos; estamos todos perdidos”,
enquanto Margie, em algumas falas, repetia “estamos perigosamente perto da
miséria”.
Sobre o fim (sem dar spoiler aqui), posso dizer que é
bastante envolvente, pois o autor nos surpreende ainda no penúltimo capítulo com
novos acontecimentos repentinos. Assim, o final ficou mais intenso ainda. Além
disso, algumas partes que no meio estavam apararentemente soltas são
encaixadas de maneira muito inteligente no fim, o que confere significado às
suas existências na narrativa. Isso me deixou bastante satisfeito, pois nenhuma
parte relevante ficou sem razão de existir na estória. O próprio título do
livro é explicado em um dos capítulos finais.
A edição da editora Seguinte (selo jovem da editora Companhia das Letras) tem uma capa que me atraiu logo que a vi na livraria. Cada capítulo
tem um nome interessante que se conecta bastante com o que é escrito em cada um
deles (ex: Cap. 1 - "Me dê adeus com um sorriso"; Cap. 2 - "Se você fosse o único alemão na trincheira"). No mais, essa é uma edição com capa brochura, simples, com as paginas amareladas
e bem fáceis de manusear.
Eu so li um livro dele, O garoto no convés e gostei muito, gostei da resenha fiquei curiosa, fiquei com vontade de conhecer o Alfie.
ResponderExcluirmomentocrivelli.blogspot.com.br
Oii Denise,
Excluirtenho certeza que você vai gostar muito do Alfie ! rs
Vi esse livro (O garoto no convés) no Submarino outro dia e parece ser ótimo ! Obrigado pela indicação.
Com certeza devo ler mais livros do John Boyne ;)
Grande abraço !